Foram 19 músicas: 9 do último disco, o restante de álbuns anteriores. Não quero parecer saudosista, mas o show de Madonna vale mesmo pelos clássicos. Claro, a produção é impecável: telões que formam um cubo no centro do palco e depois se separam e se movimentam pelo local; um palco menor, ligado ao maior por uma passarela e encoberto por um telão em forma de cilindro; um monte de dançarinos, músicos, um DJ ótimo soltando bases de algumas faixas.
Tudo isso esteve na apresentação que rolou no impressionante Millennium Stadium, em Cardiff (País de Gales) no último sábado, e tudo isso deve vir ao Brasil em dezembro, para os shows no Maracanã (14/12) e no Morumbi (18/12 e 20/12).
Mas quando entram músicas novas como “Candy Shop”, “Spanish Lesson”, “She’s Not Me”, “Devil Wouldn’t Recognize You” e “Heartbeat”, por exemplo, a temperatura cai e não há efeito visual que disfarce como Madonna não se adaptou bem às batidas de hip hop e r&b que Timbaland e Pharrell Williams colocaram nas canções de “Hard Candy”, o disco mais recente dela.
Para fugir da nostalgia barata, Madonna modificou (modernizou cai melhor) as faixas mais antigas. Desde os anos 1980 Madonna tem como grande virtude se adaptar ao que de melhor a música pop produz em determinada época, e quando chega “Vogue” temos certeza que ela não perdeu o prumo. Se estamos em época de mash-up, Madonna aparece com uma versão inacreditável de “Vogue”, em que a melodia da música é sobreposta às batidas de “4 Minutes”, o primeiro single de “Hard Candy”.
Pouco depois de “Vogue” vem “Into the Groove”, faixa que está entre as mais valiosas preciosidades pop dos anos 1980. Faz parte do “segundo ato” (são quatro ao todo), aquele em que ela relembra o início de carreira, em Nova York. Madonna veste um shortinho vermelho e pela primeira vez realmente interage com o público (dá o microfone para alguns fãs cantarem).
Para espanar a poeira de “Borderline”, Madonna pega uma guitarra e empresta a esse pequeno clássico pop potentes riffs roqueiros. Grande surpresa. “Music” chega ainda mais dançante e até a chata “La Isla Bonita” ganha um groove inusitado.
No último “ato”, Madonna encarna uma dominatrix no meio de uma rave. Aqui entram as novas “4 Minutes” e “Give It 2 Me” e três antigas. “Like a Prayer” e “Ray of Light” ganham versões bombadas, meio electro-house, para dançar pulando, enquanto “Hung Up” é puro rock, pesada, vibrante. Madonna fez 50 anos, não é mais nenhuma garota, mas ainda não tem concorrentes no pop.
Show Tic Tac de Madonna é salvo por Remix Vogue
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