Existe sim diferença de textura e de queda no cabelo no verão e no outono. Há causas comportamentais e fisiológicas para esse evento.
Uma das principais causas, que além de ser a mais importante, ainda por cima pode ser melhor prevenida, é a falta de cuidados que a maioria da pessoas deixam de ter durante o verão. Época que está mais relacionada a férias, praia, piscina, dieta inadequada, poucas horas de sono, deixar de cuidar dos cuidados com o corpo… e depois que acaba o verão, vemos o resultado desse descaso: pele manchada, muito ressecada ou extremamente oleosa e cabelos que estão um “caos”.
Ficamos o verão todo agredindo o cabelo com o sal da água do mar, o cloro da piscina e os raios ultravioletas do sol (que danificam e ressecam o fio, podendo até alterar a cor do cabelo, deixando-os mais avermelhados ou mais esverdeados dependendo da cor prévia do fio).
O ideal seria fazer uso de produtos com filtro solar específicos para cabelo, que aderem ao fio e não saem na água (nas embalagens está escrito “produto queratinizado”) ou mesmo os produtos que contêm silicone (como o dimeticone) auxiliam evitando dano aos cabelos.
Mesmo no nosso período de férias, nunca devemos nos esquecer de usar protetor solar de qualidade, principalmente para a face e o colo, creme com filtro solar para o cabelo, óculos de sol para proteção da retina dos olhos e uso de chapéu/boné para evitar excesso de exposição solar. Como tudo em medicina, prevenir ainda é a primeira opção… a mais eficaz e a mais barata.
Outra causa, que aí não temos controle, é que durante o verão, a luz solar estimula maior produção de melatonina (um hormônio relacionado ao ciclo vigília-sono, sistema reprodutor e até ao crescimento do cabelo). Assim, o cabelo cresce mais no verão, e no fim desta estação e no início da próxima, haverá menos estímulo da luz solar e portanto, aqueles fios que cresceram mais rápido, irão cair após alguns meses (é o que chamamos em medicina de eflúvio telógeno). Esse é um evento esperado, e os fios que caíram serão substituídos em breve por novos fios.
No entanto, vale lembrar que existem muitas causas para queda excessiva de cabelo (tecnicamente definida por mais de 100 fios por dia), independente da estação do ano, como herança genética, pós-parto, fatores hormonais, distúrbios de tireóide, carência de nutrientes específicos como o ferro (sempre medir ferritina no exame de sangue), grande estresse (físico ou psicológico), etc.
Existe, sim, tratamento para o “fortalecimento” dos cabelos, seja com xampus prescritos para manipulação, seja com medicação mas com medicação baseada em aminoácidos, sais minerais, vitaminas e oligoelementos em geral (como silício, selênio, ferro quelado, zinco, etc), ou seja, elementos que compõe a matéria prima para formação do cabelo. São os chamados nutricêuticos ou nutracêuticos, conhecidos na mídia como as “pílulas da beleza” ou as “cápsulas da juventude” (são semelhantes as que existem para pele, unhas, bronzeado, celulite, etc.)
No Brasil, embora não tenhamos estações tão bem definidas como em países europeus, percebemos essas mudanças na nossa pele e no nosso cabelo. Com o esfriar da estação, toma-se banho mais quente e/ou fica mais tempo no chuveiro, assim a água quente, o uso de buchas, uso de sabonetes irritantes, retiram a nossa barreira de proteção da nossa pele. Isso é muito bem exemplificado, quando você sente seu corpo coçando quando sai do banho. Não há lesão nenhuma lá (como bolinhas vermelhas) para coçar tanto, mas você sente que coça muito, pois a pele seca, por si só, dá coceira como sintoma. Pessoas com pele muito secas, mulheres após a menopausa e pessoas idosas são bem mais suscetíveis.
Cuidados necessáriros
Não podemos nos esquecer do efeito dessa água quente no nosso couro cabeludo. Ele não agüenta muito tempo debaixo do chuveiro com essa água tão quente. Ocorre estimulação das glândulas produtoras de sebo e piora a oleosidade e a dermatite seborreica, aumentando a descamação do couro cabeludo e aparecendo a indesejável caspa. Então, se os cabelos tenderão a ficar mais oleosos, e evite cremes condicionadores tão pesados.
Dica prática: se o banheiro ficou com o espelho todo embaçado, você demorou demais no banho e/ou a água estava muito quente. Não fique portanto com a cabeça debaixo do chuveiro o tempo todo, apenas para enxaguar o cabelo, assim você tenta evitar o contato exagerado do couro cabeludo com essa água quente.
Outra coisa muito importante, é que se o banheiro está todo embaçado devido a umidade e ao vapor, você poderá também estar “destruindo” os princípios ativos dos cremes e protetores solares que estão dentro do armário desse banheiro…
Prefira sempre lavar o cabelo horas antes de dormir, para que dê tempo dele secar naturalmente. Evite uso de secador de cabelo, mas se ele for necessário, aplique um produto com protetor térmico, antes de usar o secador, para tentar evitar os danos nesses fios.
Sempre use condicionador nos cabelos. Se você tem cabelos muito finos ou se eles são muito oleosos, use apenas nas pontas, mas sempre use, pois os xampus abrem as cutículas dos fios e os condicionadores as fecham. Assim, eles estarão menos desprotegidos ao longo do dia. Você pode optar por condicionadores sem enxágüe, os conhecidos como “leave in”, e dê preferência para os produtos com filtro solar para proteger seus fios.
Varie os tipos de xampus que você usa e se lavar o cabelo todos os dias, alterne com xampus “anti-resíduos” ou “de uso diário”, para que não sejam sempre xampus agressivos. E o xampu que você usa, faz sim diferença. Mas se lembre de que: xampu é um cosmético de enxágüe, isto é, vai literalmente para o ralo, então não vale a pena comprar xampus caríssimos. Qualidade sim, mas exorbitância de preço não. Sempre peça orientações para um profissional especializado.
Guarde esse dinheiro extra para caprichar na qualidade dos produtos de tratamentos hidratantes, xampus ou máscaras capilares (hidratar a cada 7, 14 ou 21 dias dependendo do tipo de dano ao seu cabelo), ou mesmo fazer hidratação ou queratinização no cabeleireiro, ou ainda pagar consulta com uma nutricionista para dar ênfase a uma alimentação saudável.
fonte : Dra Gisele Barbosa